Quarentena: parêntesis ou caminho - Parte I
6 de abril de 2020
Começo por partilhar um pouco da 1ª leitura do Ofício de Leitura de hoje. "Tendo nós plena confiança de entrar no Santuário, por meio do Sangue de Jesus, por este caminho novo e vivo que Ele nos inaugurou através do véu, isto é, o caminho da sua carne, e tendo tão grande sacerdote à frente da casa de Deus, aproximemo-nos de coração sincero, na plenitude da fé, tendo o coração purificado da má consciência e o corpo lavado na água pura. Conservemos firmemente a esperança que professamos, pois Aquele que fez a promessa é fiel." (Heb 10, 19 ss).
Ao longo destes dias vou ficando com a convicção de que muitos os estão a viver como se fossem um parêntesis, um intervalo. Veja-se a repetida mensagem de ânimo "Todos vamos ficar bem" e a exortação a sermos disciplinados "Vamos todos fazer a nossa parte para voltarmos o mais breve possível ao que fazíamos".
Viver este tempo como intervalo será, certamente, um empobrecimento, um autêntico desperdício. Este é um tempo para redescobrir coisas importantes, como o estar em família; que podemos fazer muito bem uns aos outros se cada um fizer a sua (que pode ser o exigente ficar mesmo, mesmo fechado em casa), ... tempo para lembrar daqueles familiares e amigos a quem já não falamos à tanto tempo, tempo para abrandar e rezar mais e melhor, tempo para ler, tempo para entender o desafio a olhar o que esta situação nos está a ensinar; tempo para discernir na fé a vontade de Deus.
Jesus abriu-nos um "caminho novo" que é "o caminho da sua carne", da Sua vida concreta dado por amor, não fugindo a nada, mas vivendo tudo com profundidade e, em tudo, procurando conhecer e fazer a vontade do Pai. Então possamos nós viver esta quarentena como caminho para nos aproximar mais da vontade do Pai e não apenas como simples intervalo duma "vida que segue dentro de momentos".
Nossa Senhora da Saúde, rogai por nós
Pe. Chico