Quarentena: parêntesis ou caminho - Parte II
7 de abril de 2020
Na verdade viver o tempo presente é sempre um desafio, entre as saudades do passado que não volta e a ansiedade pelo futuro que ainda não chegou, vivamos o presente e pensemos, então, na nossa quarentena! Começo, de novo, por partilhar um pouco da 1ª leitura do Ofício de Leitura de hoje.
"Irmãos: Estando nós rodeados de tão grande número de testemunhas, libertemo-nos de todo o impedimento e do pecado que nos cerca, e corramos com perseverança para o combate que se apresenta diante de nós, fixando os olhos em Jesus, guia da nossa fé e autor da sua perfeição". (Heb, 12, 1).
Somos desafiados a entrar no combate tendo como exemplo Jesus. Na verdade a palavra de ânimo "Vamos todos ficar bem" é isso mesmo: uma palavra de ânimo! Mas não é um desejo alcançável. Não estava tudo bem (quando se deu a primeira infeção, quando se começou a dar conta da epidemia, quando chegou a Portugal, ...).
Também é claro que não está tudo bem! Em primeiro lugar para os que estão infetados. Mas, também, não está para as famílias que não puderam despedir-se devidamente dos seus familiares mortos (com, suspeitos ou sem Covid). Não está tudo bem para todo o pessoal de saúde (médicos, enfermeiros, auxiliares, bombeiros, ...) que estão na frente de combate trabalhando mais e expondo-se mais. Não está tudo bem para quem tem de garantir os serviços essenciais, como transporte e venda de bens alimentares, etc que o faz com a precaução mais que necessário, mas, também, com a apreensão compreensível. Não está tudo bem para quem não pode trabalhar, não está tudo bem para... Então é um combate o que temos de fazer, tal como Cristo o fez. Combate para impedir que haja contágios em massa, combate para auxiliar quem precisa (e as necessidades serão materiais e emocionais).
Combate para prepararmos o mais adiante ainda na fase de luta contra do Covid19 pois a carência começar a afetar as famílias com menos "almofada" como agora se diz. E para preparamos o depois da epidemia, pois os efeitos sociais vão-se prolongar até muito depois. Aí é preciso preciso travar o combate de não deixarmos esquecer o que agora aprendemos, ou dizemos... só um pequeno exemplo de que nos esquecemos tão depressa... quando começou a quarentena fizeram-se manifestações de apoio aos profissionais de saúde. Certamente que foi importante, estavam, provavelmente, tão assustados como nós, os serviços não estavam estruturados, etc. Mas agora, com mais de 15 dias de tensão e trabalho dobrado não precisam de apoio? Talvez até mais! Onde estão as velas às janelas e as mensagens de apoio? Grande mal é a memória curta! Nossa Senhora da Saúde, rogai por nós
Pe. Chico