Exterior Igreja Matriz

Sexta-feira Santa

10 de abril de 2020

"Enquanto os judeus pedem sinais e os gregos andam em busca da sabedoria, nós pregamos um Messias crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os gentios." 1 Cor 1, 22-23
Este segundo dia do Tríduo Pascal desafia-nos a meditar, a contemplar a Paixão de Jesus. É um desafio exigente. Não é por acaso que a 1ª leitura da celebração da Paixão, (Is 52, 13 – 53, 12) nos fala do servo que "era como aquele de quem se desvia o rosto". Não émesmo nada fácil olhar a Cruz e o sofrimento.

Por isso a busca de um Deus milagreiro ou de um Deus sábio, prudentemente distante dos problemas continue hoje, certamente, um pouco em cada um de nós. Se, verdadeiramente, conhecemos esta sabedoria de Cristo crucificado andaríamos a perguntar onde está Deus? No meio do sofrimento pergunta onde está Deus quem espera o Deus milagreiro. Cristo está onde sempre está, embora muitos Lhe gritem "Salva-te a ti mesmo, sai da cruz". E, porque está na Cruz, está junto de quem mais sofre e, assim, entendemos que Ele está nos mais pequeninos, como Ele próprio disse "o que fizestes a um dos mais pequeninos a Mim mesmo o fizeste". Concerteza que está naqueles que sabendo isto servem os irmãos. Ele não nos salva com uma varinha mágica, mas sim na Cruz.

Ver até onde vai o Amor de Deus por nós é, ainda, deixarmo-nos desafiar por esta mesma medida. Por isso este dia é, igualmente, um forte convite à nossa conversão pessoal e comunitária... e tanto há a converter! No olhar de fundo como podemos assumir esta medida do Amor de Cristo nas nossas vidas? No momento presente, dos imprudentes ou impacientes que vêm para a rua "só porque sim", aos moralistas que ficam à janela a ver quem anda na rua e logo criticam sem saber o motivo. Os especuladores, os açambarcadores... bom, neste aspeto, permitam-me a partilha dum bonito caso... pode ser uma medida (ou um ponto de exame de consciência) para nós. Ao final do dia duas pessoas encontram-se, mais ou menos simultaneamente, diante da prateleira de muito poucas laranjas. Rapidamente chegam à conclusão que iam à busca do mesmo e que o que estava era pouco só para uma das pessoas... dividimos a meio... e se ainda houver mais gente a precisar? Bom dividiram em três! Muito provavelmente alguém beneficiou deste "não açambarcarás".
Aprendamos a sabedoria da Cruz e deixemo-nos desafiar pela medido do Amor de Quem nela Se entregou por nós.

Pe. Chico